sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MECANISMOS DAS MARCAÇÕES BRANCAS

Para entender melhor as marcações brancas e padrões em cavalos, para ajudar a saber um pouco sobre como pigmento desenvolve no útero.
Nos mamíferos o pigmento da pele e do cabelo (melanina) é produzido por células conhecidas como melanócitos. Estas células se formam e concentram ao longo da linha dorsal, e, em seguida, vai se propagando a cada lado do animal em sentido das patas, na medida que o embrião se desenvolve no útero.

As células produtoras de pigmentos formam ao longo da linha azul e se espalham para fora na direção das setas. Até que essas células migrem e cheguem nessas áreas, elas estarão sem cor. A pele e os cabelos ja estarão lá, é claro, porque seu desenvolvimento é controlado separadamente. Mas se as células produtoras de pigmento não chegarem, a pele permanecerá rosa e os pelos brancos (áreas sem pigmento).


Uma vez que as últimas áreas para "preencher" são as extremidades dos membros, se o processo é interrompido impedira que as células produtoras de pigmento atinja a parte inferior da perna.
Se a migração destas células parar antes de atingir o casco, sua perna ficará despigmentada e será branca. A quantidade ou o tamanho da marca branca vai depender da distancia ou o tanto que as células de pigmentação foram capazes de avançar na perna.
Marcações na cara funcionam praticamente da mesma maneira, embora a expansão do pigmento não é, obviamente, lateral, como as pernas. A cara não se preenche de cor em uma linha reta desde as orelhas até o nariz, mas se espalha em direção à frente do rosto como se desse a volta por todos os lados ate se encontrarem na frente. Se não encontrarem a tempo ficara branco a região que faltou para fechar.


Aqui o pigmento migrou e fez todo o caminho até o fim sobre duas pernas, mas não completou na parte dianteira esquerda e traseira direita. Naquelas áreas da pernas a pele será rosa, em vez de preta. O cabelo fica branco, em vez de ter uma cor. O casco será branco sem pigmento.

Este é o mecanismo básico para a formação das marcações normais de branco. Outros genes podem alterar a forma de pigmentação, mas verdadeiramente todas as áreas brancas são o resultado deste tipo de perturbações na migração das células de pigmento. Os diferentes tipos de marcações brancas ocorrem porque alguns genes interferem nessa migração, dando algum tipo de ordem para que os melanocitos não migrem a uma determinada área, variando de um gene para outro a natureza da pertubaçãor. O gene para tobiano, por exemplo, causa um tipo de perturbação, e ordena que áreas não sejam pigmentadas no corpo seguindo características próprias, e um conjunto bastante confiável de áreas permanecerão despigmentada. Outro gene padrão de branco terá um mecanismo diferente e assim por diante, e por isso as áreas brancas terão características diferentes. Mas a causa da ausência de células produtoras de pigmentos - é o mesmo.

Exemplos na pratica de marcações brancas comuns:


Cats Full Moon, garanhão Quarto de Milha, marcações em membros e cara.



One More Leo, Garanhão Quarto de Milha, marcação na cara e membros, Essas são as marcações mais conhecidas e encontradas em todas as raças de cavalos.

CONTROLE DA QUANTIDADE DE BRANCO

CONTROLE DA QUANTIDADE DE BRANCO

Uma rapida revisão de cor base

Sob a grande variedade de diluições e padrões, todos os cavalos primeiro vai ser uma das três cores básicas:. Preto, castanho e alazão, Estas três cores são o resultado de dois genes diferentes.

O primeiro gene, o extensão (E), determina se o cavalo pode ou não produzir pigmento preto. O pigmento vermelho é determinado pelo extensão (e) recessivo, se o cavalo não tiver no par um extensão (E) dominante ele não poderá produzir pigmento preto, e será (ee) alazão. A forma dominante do gene (E) significa que o cavalo será preto podendo ser homozigoto, ou seja, dois alelos extensão dominante (EE), ou heterozigoto um alelo extensão dominante (Ee); desta forma o alazão sempre vai ser um par recessivo (ee).

O segundo gene, Agouti (A), determina onde o pigmento preto vai permanecer. Só vai manifestar em um animal que tenha pigmento preto como foi explicado no parágrafo anterior, já em um cavalo alazão por não ter pigmento preto o gene não manifesta as instruções do gene, mas as instruções estão lá só não são perceptíveis. Para que o gene exerça suas alterações necessita pelo menos um alelo dominante (A) no par de alelos, assim ele irá colocar o preto na crina, cauda e pernas, e clareando o corpo para um marrom (seria um animal Castanho). A versão recessiva (aa) não restringe o pigmento preto, de modo que o cavalo seria preto.

A importância desses dois genes é porque extensos estudos foram feitos em animais com pernas e rosto marcados com branco,  e evidenciaram que a quantidade média de branco em um cavalo variou dependendo da cor base. Cavalos pretos têm menor quantidade de branco, enquanto castanhos tem um pouco mais, e alazões têm mais.

Além do mais, ficou claro que o nível de marcas brancas são influenciadas não apenas pela cor de base visível do cavalo, mas também por outros genes que o cavalo  pode carrega escondido. Assim, enquanto todos os cavalos negros são mais resistentes a manchas brancas, cavalos pretos que são homozigotos para o gene extensão (EE) são ainda mais resistentes que os cavalos negros heterozigotos (Ee).

 E porque castanhos tem mais branco, em média, do que o preto, mas inferior ao alazão? acredita-se que a forma dominante do gene Agouti (A) aumenta o branco. No entanto esse aumento não é suficiente para superar a diferença entre o gene extensão dominante (E) e o recessivo (e), de modo que castanhos ainda têm menos branco do que alazões. Mas é o suficiente para fazer a diferença entre o castanho e o preto.

Assim carregando um alelo extensão recessivo (Ee) faz um cavalo preto ter mais branco, e um castanho heterozigoto para Agouti (Aa) terá menos branco (em média) do que um castanho que homozigoto (AA).

Isto conduz à seguinte classificação de cores, na tabela em primeiro lugar o mais resistente ao branco ou com menos branco, seguindo a ordem até o menos resistente ou com mais branco.


Como pode ser visto na classificação, o gene extensão (E) que determina se o cavalo é preto ou alazão, é o maior fator de resistência ao branco. Os cavalos que não carregam alelo extensão recessivo (e)(primeiro grupo de três, em cor pessêgo) tendem a ter a menor quantidade de branco. O grupo de cavalos que são heterozigoto para extensão (Ee) e que vai ganhando o gene Agouti ( animal Castanho) vêm em seguida (com sombra rosa), seguido pelos animais alazões. (sombra verde)
Podemos ver que o branco cresce à medida que o animal vai ganhando o gene extensão Recessivo, paralelamente ao gene Agouti, na medida em que ganha o gene dominante aumenta a quantidade de branco.


Isso explica por que "brancos chamativos" são muitas vezes associados a alazões. É estatisticamente muito mais propenso encontrar extensas manchas brancas combinadas com essa cor de base do que com o preto. É também por isso, que nas raças mais conhecidas por suas cores escuras conservadoras pouco marcadas, os alazões inesperados transportam mais branco do que qualquer um dos seus pais.

Interação genica

Interação genica

Com a grande expansão da criação do Paint Horse e a diversidade de pelagens existentes, cada dia fica mais difícil definir uma pelagem sem fazer os testes genéticos, as misturas feitas nos cruzamentos em busca de pelagens únicas e diferenciadas mesclam cada dia mais os genes entre si dificultando a interpretação dos padrões, e hoje podemos dizer que é difícil encontrar um animal que seja de um único padrão, estudiosos tentando interpretar esse fenômeno usaram o termo "hierarquia de padrão" para descrever o que aconteceria quando um cavalo herdasse dois ou mais genes diferentes. Muitas vezes, as instruções genéticas de um padrão entra em conflito com as de um segundo padrão. Por exemplo, existe gene para padrão de branco que determina que o cavalo tenha pernas escuras (Overo Frame), enquanto outros genes como, por exemplo, o Tobiano que tenha branco em todas ou quase todas as pernas. Nessas situações em que dois genes para padrão de branco estão presentes no mesmo animal acaba por surgir o conflito e a intriga de pensamento, as pernas irão ser brancas, escuras ou uma combinação dos dois?
Antes pensavam que genes para padrões de brancos simplesmente se distribuíam um em cima do outro criando a teoria da sobreposição de padrões. Ate que outros estudos perceberam que os padrões nem sempre atuavam de forma aditiva. Às vezes, as instruções genéticas de um gene para não adicionar branco em uma determinada área tinha prioridade. Como exemplo, um overo Sabino extremo (expressão máxima do gene), que normalmente seria quase todo branco ao herdar o gene overo Frame às vezes vai ter uma linha superior ou lombo completamente escuro e solido, isso colocou por terra a teoria da sobreposição de padrões e nasceu a teoria da hierarquia dos padrões, que apostava que cada gene ganharia em uma determinação como a proibição de branco na linha superior do gene overo Frame sendo mais forte que a do overo Sabino em ser branco.
Depois de muitas observações e teorias, estudos genéticos recentes criam uma nova visão e passam a usar o termo Interação de padrões como o mais correto. Na verdade a interação se resume a uma hierarquia simples, por exemplo, a regra para que as pernas sejam brancas impostas pelo gene Tobianos praticamente anula qualquer outra instrução vinda de outro gene sobre a cor das pernas. Mas não quer dizer que ele vá prevalecer e anular totalmente o outro gene como se pensava ao inicio, isso porque as vezes o outro gene ainda consegue de forma sutil modifica-lo.



Tobiano e Sabino

Das várias combinações de padrões, Tobiano junto com Sabino é, provavelmente, entre as mais comuns. Na verdade, hoje é muito difícil encontrar Tobiano que não são também portadores de alguma variação de Sabino ou outro tipo de Overo. A maioria das raças, e principalmente a Paint Horse, Quarto de Milha, Crioula e Mangalarga transportam Sabino em algum grau. Por isso é fácil de perceber essa interação por serem dois genes comuns e existem muitos exemplos.

TOBIANO: Este cavalo é uma ilustração de como seria um tobiano “puro”, quando não existem outros genes para padrão de branco juntos.



O rosto e o peito são escuros, assim como seu corpo em sentido posterior. As bordas e contornos do branco são lisas e regulares, não formam círculos perfeitos, mas mantém grandes formatos arredondados. Observe também que não possuem rosto branco visível. O gene Tobiano sozinho não acrescenta branco na cara, assim, sem um outro gene presente ele não vai ter branco na cara a não ser pequenas marcações comuns.

SABINO: Este cavalo mostra uma forma bastante comum do padrão Sabino “puro”, ou seja, sem outro padrão presente.
Ao contrário do Tobiano, que tem uma aparência bastante consistente na sua forma pura, Sabino tem uma ampla gama de expressão porque existem muitas variações gênicas (portanto a ilustração retrata somente a forma mais comum). No entanto, o branco que se estende ao longo dos lábios e principalmente no queixo, branco na barriga, meias que se levantam na frente da perna e com bordas irregulares são típicas de todos Sabinos.

Aqui está uma demonstração de uma sobreposição parcial dos dois padrões.
E que se seguisse a teoria de sobreposição de padrões, um padrão pintando sobre o outro, resultaria em um cavalo como este.
Observe como os dois genes se conflitam na determinação do branco da perna posterior. O padrão Tobiano em sua determinação não segue uma orientação definida e na maioria das vezes as meias seguem mais laterais e/ou posterior da perna. Sabino, por sua vez, coloca o branco da meia no borde da frente da perna em forma de bico.

Se os padrões comportassem como sobreposições simples, a combinação dos dois genes resultaria assim como o animal da figura acima. Se seguisse a teoria da hierárquica de padrões, as combinações deveriam resolver as determinações conflitantes entre os dois genes, ou seja, um dos dois teria que ganhar, nesse caso surge a duvida e a pergunta: e quando os dois genes determinam a mesma coisa, porém de formas diferente, como exemplo os dois determinam colocar branco nas pernas mais cada um com uma orientação, o branco da meia seguira qual orientação e será para frente ou para o lado?

Ai que entra a nova teoria da interação de padrões que mantém um pouco da sobreposição de padrões e um pouco da hierarquia simples, o que realmente acontece é que Sabino irá alterar sutilmente o padrão Tobiano original. Tobiano ainda vai predominar, é claro. Na visão de hierárquica simples das combinações de padrões, o gene Tobiano pode ser considerado o "rei". Mesmo que o animal herde outro gene padrão de branco, o animal que tenha o gene Tobiano quase sempre mantém a característica do padrão Tobiano. Mas o efeito do gene Sabino ou outro gene será perceptível.

A Influência Sabino

Aqui está uma versão de como os dois padrões podem interagir.

Nesse exemplo podemos ver que o padrão Sabino adicionou branco na cara, e também quebrou o padrão Tobiano original em partes menores. O animal ainda manteve uma grande quantidade de características do padrão Tobiano como as manchas arredondadas, mas já modificada com mais manchas brancas e de tamanhos menores.

Este tipo de interação é visível neste cavalo.

Sabino pintou as áreas do padrão Tobiano que deveriam ser escuras, e também tornou as pintas menores e mais numerosas em seu corpo.
Sabino muitas vezes influencia outros padrões desta forma.Reduzir o tamanho e aumentar a quantidade de círculos é provavelmente a característica mais consistente da influência do Sabino. Para você ter uma melhor percepção disso, pegue um conjunto de fotos de cavalos Tobiano, e faça dois grupos, um de cavalos com o rosto branco e outro com cavalos com nenhum branco ou uma pequena marca na cara (que serão supostamente Tobianos “puros”). Ao comparando os dois grupos, os animais com influência Sabino (os que têm branco na cara) vão parecer mais complexo, com as áreas escuras mais divididas do que aqueles sem Sabino. (É óbvio que podem existem outros padrões que colocam branco na cara também, mas aqui estamos referindo ao gene Sabino por ser mais comum).

A Influência Sabino – nas bordas

A outra modificação que Sabino tende a fazer quando esta junto a outro gene é alterar as bordas e contornos do outro padrão ou gene.
Aqui está uma ilustração de como isso pode aparecer. 
O padrão Tobiano ainda é claramente visível e mais evidente, mas agora com as bordas áspera e irregular. Olhando com atenção, desfaz a ideia de uma sobreposição de padrão Sabino e Tobiano, porque as áreas irregulares estão concentradas ao longo das bordas do padrão Tobiano, em vez de somente as áreas características de Sabino.

Aqui é um cavalo com este tipo de influência Sabino e Tobiano, mostrando a interação de padrões.


Observe que ele tem marcações na axila de aparência irregular, algo que você poderia esperar em um Sabino, mais a direção principal é vertical e para cima em direção a cernelha, seguindo a linha de seu padrão Tobiano. Enquanto isso, não tem quase nenhum branco ao longo da barriga, o que seria o lugar mais provável para procurar branco em um cavalo puramente Sabino. Aqui percebemos que a instrução do gene Sabino em adicionar irregularidade no branco foi redirecionada para as bordas e a seguir o padrão estabelecido pelo gene Tobiano.

Essa interação não acontece só quando Sabino está junto com Tobiano, mas com outros padrões também. Este cavalo é um exemplo da interação de Sabino e Frame.

Repare como a irregularidade e o efeito roan da marcação do seu lado é muito típico de Sabino, mas todas as quatro pernas são solidas, típico de um Frame. A aparência geral dele é a de um Frame com apenas os contornos do branco alterados.

Traços poligênicos

O tipo de influência que o gene Sabino vai fazer no padrão do gene Tobiano, ou em qualquer outro padrão, varia muito de indivíduo para indivíduo. Por vezes, a única pista será o branco sobre a face ou no lábio inferior, ou outra talvez um pouco mais complexa como a pouca distribuição escura no corpo. Em casos mais extremos, pode haver bastante quebra nas manchas do padrão original, que pode ser difícil ver que o gene Tobiano está presente. O interessante dos traços poligênicos é que no mesmo cavalo, áreas podem apresentar diferentes efeitos em diferentes graus.

Aqui está um exemplo como o traço poligênico pode manifestar, esse é um portador de Sabino e Tobiano, reparem como as borda do padrão varia muito de uma parte do cavalo para outra.

As áreas brancas na cabeça e pescoço são bem preenchidas e recortadas nos bordes.

Já nos posteriores têm uma escala menor de Lacey na borda. Mesmo dentro desta área, as partes do padrão têm halos pronunciados. 


Olhando para estas duas imagens lado a lado, não parecem ser do mesmo cavalo. E ainda assim elas aparecem no mesmo lado do cavalo, é atribuída ao padrão  Sabino.
Uma das coisas que contribuem para esta ampla gama de expressão é que o que nós pensamos ser um padrão 'sabino' é, na verdade, um grupo de genes. Isso explica por que sabinos variam mais do que qualquer outro padrão. Os pesquisadores ainda não encontraram a chave para este enigma particular. No momento existem dois genes identificados ("Sabino 1" e "branco dominante") que resultam em cavalos que parecem Sabino, eles resultam em cavalos notavelmente semelhantes. No entanto, os dois genes nem estão no mesmo local
É por isso que sabino-tobianos podem parecer tão diferentes um do outro. Ainda assim, o resultado final da combinação dos dois padrões se resume a: 1) a quebra das áreas escuras em pedaços mais pequenos e 2) o recorte das bordas (ou roaning, rompimento, ragging ou alguma combinação dos mesmos).